Carrego esta estada, este tesouro nas mãos com delicadeza que não é minha, não é própria, o medo me conduz feito os pólos que atraem a ponta das bússolas todas, e o chão que conduz a queda das maçãs, da areia na ampulheta, um medo de se fazer que se faça devagar todas as coisas que se faz nos limites de uma vida, um medo de entronizar aquele que o carrega, se lhe fazendo rezas: “devagar”, “atenção” me mantendo atento a evitar o possível susto, o provável espanto, a irremediável inquebrantável dor; caminho, corro, vôo, trajeto-me, faço-me luz ao ponto de mostrar-me somente em sombras, mas o que é meu é em mim, trago nos bolsos, nos orifícios todos, na epiderme, na cor dos ossos, no refluir do sangue o aviso prévio – quando todo salvo-conduto se rasga – de que inexoravelmente haverá susto, espanto & dor, e, irremediável, inexorável e incompreensivelmente o inquebrantável quebrará meu tesouro, a minha estada, então é quando dor afoga o peito, transpassa à lança a garganta, quando a cautela ainda sobrevive no pó, o pulso desafiando as leis físicas cai pra cima, de encontro à navalha que sem preâmbulos o lamberá; quando todo vômito acompanhado de seus urros guturais fazem o trajeto contrário garganta adentro enchendo núcleos e os estourando em milhões de estrelinhas podres, reduzindo-me ao universo só meu, de onde saí sem que saída houvesse e para onde retorno sem que frestas encontre, aos totais destroços da minha carne.
"Sou, em grande parte, a mesma prosa que escrevo. [...] Tornei-me uma figura de livro, uma vida lida. O que sinto é (sem que eu queira) sentido para se escrever que se sentiu. O que penso está logo em palavras, misturado com imagens que o desfazem, aberto em ritmos que são outra coisa qualquer. De tanto recompor-me destruí-me. De tanto pensar-me, sou já meus pensamentos mas não eu. Sondei-me e deixei cair a sonda; vivo a pensar se sou fundo ou não, sem outra sonda agora senão o olhar que me mostra, claro a negro no espelho do poço alto, meu próprio rosto que me contempla contemplá-lo." - O Livro do Desassossego, FERNANDO PESSOA
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