Aquele que segue morrendo...


Estar a morrer é sentir a vida com mais força...
Convalescer é ter os sentidos aguçados; enxergar para além do que os olhos podem ver limitados por um estado de espírito perfeito; sentir no mordiscar dos lábios a força indolor que só se sente quando se está sentindo a vida com mais força... quando se está morrendo...
Minha sede de infinito é saciada, furtada por um vazio que completa meu espírito atormentado, transbordante...
A Dor que há de me matar é a mesma que me faz levantar; fincar os pés na terra e caminhar, instigado por um sentir, que é melhor que o Nada sentir. Instigado por esse... peso... Que é melhor que ao olhar dectar no reflexo do não-olhar a impotência, a lânguidez, o não poder sustentar.
Impotente e sadia como só as almas doentes o são, minh'alma segue caminhando... a procurar lá na frente as pegadas que tratarei de jogar pra trás, a fim de apagar as cicatrizes deixadas não na areia, onde as ondas do mar, uma benção da Bailarina do Espaço, trataria de apagar... mas em minha própria carne (espírito), tá fria... tá cicatrizada... e ainda tá me queimando...


A. do Carvalho
Em, 03 de agosto de 2009

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