sexta-feira, 29 de julho de 2011

A não juntar em miúdos...


Viagem as estrelas, não pretendo saber, que o sol, a lua se direcione sempre às minhas costas, pouco me interessa agora, e essa coisa, esse pouco, essa coisa única, essa coisa só que me faz interesse é espessa, densa, torna-se difícil caminhar por ela, tento apagar o que vejo porque o que vejo não é mais que paredes de pensamento, se deuses quais o tempo ou a inteligência poupou não mais que os nomes e as ilusões se resolverem desvelar em carne agora, então direi que é tarde e que se sele outra vez esses nomes embaixo dos oceanos, a minha fé morreu sufocada, lenta, cruel com dor, tentando entre espasmos tocar uma luz, e se debatendo como um demônio no céu, o furto lento e aos poucos do ar do moribundo, então, agora, aqui, já não procuro senão guiar na minha compreensão as minhas mãos, viagem astros livremente longe da minha ciência e assim se mantenham incólumes, dou as costas feito uma fêmea, algo que é e que algo dá, para que a luz, se reverso fosse entraria pelos meus olhos explodindo em quimeras, se faça fora deles mostrar nos limites das bordas da minha sombra porque estou cansado e só quero meu olhar sobre meus atos agora, sobre meus passos, quero entender essa composição, essa melodia de todos os dias e de todas as horas, da terra que contorna o sol ordenadamente ao fogo que queima desordenado e então me encontrar, sim, quem sabe talvez me encontrar entre um e outro – a transladação da terra, o movimento do fogo – somente olhando a palma preta da sombra da minha mão, e então compreender o que dia antes, dia depois do outro faz os nossos atos tão tortos, uma ligação, quero pegar o risco entre os corpos e compreender o instante que precede o punhal que entra na mão que acaricia, o dente que dentro do êxtase perfura a carne para encontrar o sangue e a dor de ter algo que se derrama de nós sem que queiramos, sem que possamos, sem que agüentemos... muitembora agüentemos – quandentão despedaçamos.


E a morte está não no despedaçar-se, mas no ajuntar-se.


A. do Carvalho...
...em 29 de julho de 2011

0 comentários:

Postar um comentário

Linhas...