quarta-feira, 27 de julho de 2011

Década de 1930...

(de Jorjamado pra mim)
Acordo da minha dor ao som de apito de trem que parte, então eu brinco porque tem coisas bonita que brotam de umas feia, num repente percebo um não, porque o que eu planto aqui, onde não há perdão quase sempre brota longe, mas ignoro esse detalhe porque se não sonho não vivo um instante, penso, penso enquanto ainda desperto nesse vagão isolado dos olho de Deus entre sacas de fumo e de café, no cavalheiro distinto depois do jantar acendendo um charuto elegante diante da dona que traga um cigarro fino num desses cafés que só tem nas capitais, coisa bonita de se ver, o charuto para entre os dente do homem e põe uma pretensão num esboço de um sorriso enquanto o cigarro entre o vermelhão nos lábio da dama traz à superfície um assentimento, coisa bonita entre sexos que enrijecem e umedecem, entre botões de carne que brotam sob o tecido do vestido fino, enquanto a negra feia e acabada c’os cabelo tudo bombril está lá na fábrica, pegando bocado desse fumo com os dedos tudo calejado, triste, triste, com fome, fazendo o charuto fino que nunca vai fumar... bom é trazer as imagens em sequência contrária que dá mais gosto ou menos desgosto não sei, mas realmente penso ou brinco assim: se morro vou pro céu, como esse pão do diabo é pra gozá Deus depois, como uma preta na cocheira, dessas com o cheiro de fumo no cabelo duro prasquecer o gosto amargo de não ter uma ponta de cigarro a dias e brinco pra cabrocha que os cavalo são tudo meu, que é meu meu corpo marcado de açoite que chegou aqui da escravidão ainda, se bem que no tempo da escravidão tinha prato de comida, agora não tem chicote, não tem comida e tem o apito, tem o apito que desperta e adormece, a minha estação é a estação donde fica a carga, o vagão se abre, saio da clandestinidade e pego uma surra (de chicote) por mó de que não posso pagar a viagem e até meus sonho agora são cobrado, mas mesmassim brinco, que o quadro é feio.


A. do Carvalho...
...em 27 de julho de 2011

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