quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Aquele que foi esquecido...

Tem certos dias, nesse negócio meu que chamam Vida, em que sou acometido do mais terrível e inexplicável medo.
Pesadelo das sensações do lado de cá, onde eu, e não Hipnos, impero.

Sinto-me como o Estrela da Manhã, nascido sob o destino estelar de tornar-se o Lorde da Escuridão.
Como um anjo caído, sinto-me jogado aqui por uma força maior que não a empenhada maternalmente no dia em que aqui fui jogado.
Jogado e esquecido.

Minha carne nua, minha carcaça passageira sente frio aqui nesse lugar amazônico, onde a Linha do Equador faz com que o Sol bata diretamente em minha cara... Tento protejer-me desse frio mental, desse frio pensado; com meus finos braços a enlaçar-me. ...E o calor não contribui para meu afago de mim mesmo. E sinto falta do Mundo de Lá...

Eu sinto medo!... Eles estão em minha mente, sinto-Os em meu corpo. Fechar os olhos não adianta mais... tapar os ouvidos não adianta mais...
Meu escasso corpo nu encolhe-se inonscientemente ao lado da cama, a abraçar os joelhos, a tapar os ouvidos e chego a desejar conscientemente com toda a força de meu ser sem força que Papão surgisse dali debaixo e me livrasse desse terror, trazendo-me horror.

Em meu ouvido um milhão de vozes de mim mesmo ecoam, num desesperado desespero como só causados quando o mundo está caindo sobre nossas cabeças... E sinto-me já um pompeiano no dia em que Pompeia sucumbiu diante da fúria do Vesúvio.
Sou agora um guerreiro dos tempos medievais, acostumado a olhar adversários nos olhos, e, com a fúria de um espartano percorrer quilômetros a ceifar a vida, e seria belo... mas isso aqui são tempos modernos, meu amigo; segure seus culhões; aviões dizimam populações inteiras num piscar de olhos. Soldados matam o que não vão matar e são mortos por sabe-se lá o quê.

Minha mente está em turbilhão.
Mãe, salve Guernica, por favor!...
... ...




A. do Carvalho
Em 12 de agosto de 2009

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