sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Sob o Nilo Estrelado...



No balançar cadenciado do silêncio da noite eu observo. Tem tédio, ou qualquer coisa inominável, aqui, que escorre do cérebro esquizofrênico pra carne e transforma a Coisa Essa, abstrata, em dor física.
E os astros no céu, eles eu não vejo sair do lugar, como se essa Dor Essa me pregasse ao mundo - com toda a abóbada estrelada -, com um imenso punhal que transpassasse a nós dois, logo o mundo e eu estamos pregados imóveis ao firmamento outrora impalpável.
De um pensamento, a matrona mente cansada pergunta ao escasso corpo se este não se cansa, mas os céus, ele é tão bonito que até dói olhar: Tá frio aqui fora, digo-me em voz alta a me abraçar, mas é melhor do que deitar e ter de pensar meus sonhos exilados, pois esses, nunca vêm. Quer isso?, me pergunta o corpo meu.
Cadê o Demônio Aquele? O Papão, a Coisa, que surge quando de nossa inconsciência e repouso e conta sonhos em nossos ouvidos? O que sou quando durmo se não me encontro em lugar algum?
Vejo agora seus serenos olhos frios a me fitar – seu rosto na lua.
Tudo muda, tudo voa... é até possível sentir um perfume balanceado no ar, e, totalmente perdido nos louros de teus cabelos, finalmente encontrar-me, além do véu, sonhando, caminhando por entre amarelos prados trigais, que surgem com o recolher do Nilo Estrelado.
Tem vida no Nilo meu.


A. do Carvalho
...em 29 de janeiro de 2010

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